Quem é Nykalios/Νυκάλιος?

Imagine a seguinte cena:

Uma trilha estreita no meio de uma floresta onde a luz do sol quase não se atreve a entrar. O ar, úmido e pesado, carrega o sussurro antigo das folhas. Você segue adiante, sentindo um frio súbito, mas não hostil. Há algo, ou alguém, à sua espera. E então, ele aparece: de olhar calmo, porém insondável, envolto em um manto escuro que mais parece costurado com o próprio silêncio da terra. Você não sabe como, mas sente que já ouviu esse nome antes: Nykalios.

Quem sou eu, afinal?

A pergunta nunca foi fácil de responder, e talvez continue não sendo. O que posso afirmar, no entanto, é que Nykalios não é apenas um nome mágico. É um espelho profundo que fui cavando, camada por camada, até encontrar uma voz que não me foi ensinada, mas que sempre esteve lá, esperando ser ouvida.

O nome que me encontrou

Sim, porque não fui eu quem o inventou. Nykalios emergiu de um processo íntimo, lento e quase ritualístico. Ele surgiu entre sonhos recorrentes, símbolos antigos e reflexões que me acompanhavam há anos. Quando finalmente se revelou, soou mais como um reencontro do que como uma invenção. Uma evocação do que sou, não do que quero parecer ser.

Etimologicamente, o nome carrega a vibração de raízes arcaicas. Pode lembrar o som de nomes gregos, talvez ecoar ressonâncias do mundo ctônico, aquele que vive sob a superfície, onde a transformação verdadeira acontece. De fato, em grego, escrevo meu nome como Νυκάλιος, e o pronuncio algo como Ni-KÁ-lyos. Há um peso nele, mas também uma elegância.

Por que um nome mágico? Porque nomes moldam realidades. O meu nome civil (aquele que consta em documentos) continua existindo. Mas Nykalios é outra história: é meu pacto com minha essência indomada.

Bruxo não é título, é síntese

Costumo dizer que não me tornei um bruxo, apenas reconheci que já era.

A bruxaria, em minha vivência, não é um sistema fechado ou um catálogo de técnicas. É um movimento interno e externo. É uma lente por onde percebo o mundo, e um campo magnético que atrai saberes, encontros, provas e presságios.

Há quem pense que ser bruxo é vestir preto e acender velas. Tudo bem, esses gestos também têm sua beleza. Mas, para mim, bruxaria é principalmente escuta. É saber calar quando os antigos falam. É traduzir o indizível. É perceber que a serpente, ao trocar de pele, não está apenas se renovando, está renascendo com cicatrizes invisíveis que apenas ela entende.

(Sim, eu me identifico com a serpente. Já falo mais sobre isso.)

Nykalios é uma espiral, não uma linha reta

Há uma razão para meu símbolo ser uma serpente em espiral, formando a letra "N". A serpente representa o ciclo de transformação e sabedoria ctônica. A espiral, o movimento de aprofundamento, jamais um círculo fechado, mas uma jornada sem fim em direção ao âmago.

Eu não sigo uma doutrina única, nem me encaixo em um modelo ortodoxo de espiritualidade. Transito. Absorvo. Questiono. Rejeito fórmulas prontas. E, se algo vibra em sintonia comigo, acolho. Como Nykalios, trago em mim a alquimia de várias linguagens, a tensão entre o sagrado e o profano, a ponte entre o visível e o velado.

Criação Pessoal

Mas afinal... o que você encontrará em mim?

Pergunta justa. Talvez você me encontre escrevendo sobre símbolos esquecidos, ou sobre plantas que sonham. Pode me ver refletindo sobre o tempo, o silêncio, o amor como potência ritual, os sonhos que atravessam gerações. Pode se deparar com imagens que misturam o sombrio e o sutil, ou com frases que parecem ter saído de algum livro que ninguém escreveu, mas todos já leram.

(Às vezes até eu me surpreendo com o que brota.)

Mas mais do que respostas, trago perguntas. Convites. Provocações gentis. Porque não acredito em caminhos universais, acredito em encontros que nos deslocam. Acredito que talvez a sua verdade esteja escondida no lugar onde menos ousa olhar. E, se minha presença te ajudar a encarar esse lugar, já valeu.

Você também carrega um nome oculto?

Essa é a parte que me fascina. Será que você, aí do outro lado, também tem um nome que ainda não ousou pronunciar? Um nome que não foi dado por ninguém, mas que vibra quando o mundo silencia? Talvez Nykalios esteja aqui também para te lembrar disso.

Última pergunta, prometo:
E se o que você chama de sombra for, na verdade, a origem da sua luz?

(Não responda agora. Mas pense nisso enquanto escuta o próximo sussurro do vento.)